Overwatch 2 – Review

Depois de ter comprado o primeiro “Overwatch” no dia de lançamento, rapidamente se tornou um dos meus jogos online favoritos e aquele em que acabaria por despender mais horas, juntamente com os meus colegas. Durante 6 anos, e apesar da adição de conteúdo ter sido feita a conta gotas, conto com já mais de 2000 horas de jogo distribuídas, na sua maioria entre os meus heróis favoritos. No entanto, desde que foi anunciado, “Overwatch 2” fez torcer muitos narizes e levantar muitos sobrolhos. As estranhas promessas de que nada seria deixado para trás, e que seriam adicionados novos modos de jogo, mapas e personagens, fez com que os fãs vissem este anúncio mais como uma expansão standalone do que como uma sequela. Lançado agora o jogo, confirma-se que a experiência, na primeira semana, deixou sequelas a todos os que nela participaram.

O primeiro dia de “Overwatch 2” foi assim © Blizzard Entertainment | Autor: Vitor Santos


Comecemos pelo dia de lançamento. Este foi, tal como vários outros da mesma companhia, marcado por diversos problemas: nas primeiras horas foi impossível jogar e as filas de espera superaram os 40.000 jogadores. Filas estas que avançavam extremamente depressa, devido ao número de jogadores que desistiam ou que simplesmente perdiam a ligação aos servidores, devido aos supostos ataques de DDoS dos quais o jogo estava a ser alvo. Alguns fãs não ficaram convencidos pelo PR, e nas redes sociais falava-se que a produtora tinha simplesmente cometido o mesmo erro que cometeu com tantos outros lançamentos: falta de servidores. Olhando para os lançamentos de “WoW Classic” como exemplo, é fácil ver que basta uma fracção deste número de jogadores para sobrecarregar os servidores e gerar este tipo de problema.

Depois de um primeiro dia desastroso, consegui finalmente entrar no jogo após horas de fila. A primeira coisa que salta à vista são, obviamente, os menus redesenhados e, infelizmente, toda a interface foi streamlined, ou “esterilizada”, como gosto de traduzir este termo. Tudo foi alterado para ter um aspecto mais minimalista, o que se traduz na perda da personalidade pela qual o primeiro jogo era tão conhecido. Nem os perfis dos heróis sobreviveram a este processo e estão com um ar mais neutro quando comparados à sua versão anterior, e alguns inclusivamente perderam adereços.

Os menus foram redesenhados, mas continua a haver informação em falta. © Blizzard Entertainment | Autor: Vitor Santos


Ainda nos menus, reparo na existência da nova loja online. Longe vão os tempos em que podíamos jogar algumas partidas e se tivéssemos sorte poderíamos receber uma skin catita nas caixas. Era também possível desbloquear especificamente as que queríamos, através dos créditos que rapidamente se amontoavam. Agora, para a maioria das skins, temos que sacar da carteira. Algumas ascendem aos 20€, e se as quisermos desbloquear através do jogo, demorará largas semanas, assumindo que o jogador cumpre os objectivos, que são agora o método principal para a obtenção de créditos. Maior parte das novas skins deixam muito a desejar e os outros adereços, tais como acessórios para pendurar nas armas, são virtualmente invisíveis durante as partidas e, portanto, largamente irrelevantes.

Eis então que decido tentar entrar em algumas partidas de “Overwatch 2”. Para além de um ritmo de jogo um pouco mais acelerado, noto que a Blizzard cumpriu a sua promessa de reduzir a quantidade de efeitos de atordoamento e crowd control, resultando num jogo mais frenético, onde todas as personagens podem agir com mais liberdade e onde os jogadores não gastam maior parte do tempo a tentar destruir escudos. Com a subtracção de um jogador por equipa, temos agora partidas 5v5, o que significa que certos heróis e habilidades se tornam relativamente mais fortes ou mais fracas, criando a necessidade de alguns ajustes, sendo que as maiores alterações foram claro, no tank. Havendo agora apenas um por equipa, temos agora uma personagem “líder” que defende a sua equipa e a ajuda a avançar e a conquistar o objectivo. A maioria dos tanks tem habilidades defensivas suficientes para este propósito, enquanto outros se mantem como mais ofensivos, acabando por se comportar simplesmente como uma personagem da categoria de DPS mais difícil de eliminar. A capacidade de sobrevivência destes tanks únicos é, portanto, mais elevada do que no jogo anterior, o que torna mais difícil “castigar” estas personagens por mau posicionamento ou más jogadas em geral. Isto é, no entanto, parcialmente contrabalançado pelo facto de como já referi, existirem agora menos escudos.

Quando as estrelas se alinham, o jogo continua a produzir momentos espectaculares. © Blizzard Entertainment | Autor: Vitor Santos

O sistema competitivo também sofreu algumas alterações. Já não é possível ver o rank dos jogadores no menu das partidas, o que significa que não podemos adaptar as equipas ou as estratégias com base em quem joga melhor ou pior em determinado role. As antigas categorias (Gold, Platinum, Diamond e por aí fora) estão agora repartidas em 5 subdivisões, de 5 (a mais baixa) até 1 (a mais alta). A actualização do rank é feita a cada 7 vitórias ou 20 derrotas. No entanto, apesar de termos uma guia visual para quantas vitórias temos acumuladas, que nos é mostrada no fim de cada partida, não sabemos nunca a quantas derrotas estamos de atingir as 20. Adicionando a isto o facto de que é possível subir ou descer várias subdivisões de uma assentada, isto significa que os jogadores são mantidos parcialmente às cegas acerca do seu posicionamento. No entanto, apesar das arestas por limar, à primeira vista este sistema parece ser uma melhoria em relação ao sistema anterior, pois logicamente o sistema de ELO, feito para uso em jogos individuais, nunca se encaixou bem no jogo em equipa que é o “Overwatch”. Por resolver continua ainda uma das maiores injustiças do primeiro jogo. Ao perder um jogador seja por que razão for, a mesma mensagem do primeiro jogo continua presente, avisando-nos que iramos receber uma derrota se sairmos antes dos dois minutos de contagem decrescente. Infelizmente nada muda se esperarmos até ao fim da contagem descrescente.

O netcode também parece continuar na mesma, o que significa que a maioria dos projécteis ou mísseis que tenham atirado para os adversários irão desaparecer assim que a nossa personagem cair em combate. Continuam a existir os infames noregs (situações em que um tiro ou input não é registado no servidor, algo que se tornou notório por acontecer até mesmo nos torneios oficiais da Blizzard), e algumas hitboxes foram alteradas, o que irá alterar a maneira de como certos heróis são jogados e quanto dano eles causam.

Outros dois grandes problemas com o primeiro “Overwatch” que a Blizzard tenta novamente resolver são, claro, os cheaters e os smurfs. Estes últimos, caso não conheçam a expressão, são jogadores de nível muito alto que criam novas contas para jogar com os jogadores mais casuais, os quais acabam invariavelmente por ser dominados. Isto, aliado ao sistema inapropriado de ELO, distorceu ao longo dos anos a playerbase, espalhando assim os jogadores de forma semi-aleatória pelos ranks. Como jogador médio, eu visitei ao longo do tempo quase todos os ranks existentes em “Overwatch”, o que no final do dia significa que acabei por nunca saber a que nível de jogo estava de facto. Desde Silver até ao Top 500, saltei entre todas as categorias. A solução aqui proposta pela produtora, foi obrigar os jogadores a associar um número telefónico à conta, adicionando assim mais obstáculos àqueles que coleccionam contas, numa tentativa de desencorajar este tipo de comportamento.

A responsável por muitos dos novos bugs presentes no jogo é a recém-chegada Kiriko. © Blizzard Entertainment | Autor: Vitor Santos

Claro que de boas intenções está o mundo cheio, e a Blizzard acabou por sofrer mais uma vaga de fúria dos jogadores, que não só consideraram isto como uma violação de privacidade, como muitos vieram rapidamente a descobrir que não seriam aceites números de diversas operadoras, particularmente números pré-pagos. Isto, claro, foi visto como um ataque aos menos beneficiados, que seriam impedidos de jogar um jogo gratuito por circunstâncias largamente fora do seu controlo. Porém, com o lançamento desastroso de “Overwatch 2”, a produtora acabou por retirar este requisito como forma de compensação aos fãs. No entanto, os jogadores sabem bem que é apenas uma questão de tempo até que a haja uma nova tentativa para introduzir estas políticas, especialmente quando a Activision já indicou que pretende adicionar requisitos ainda mais agressivos à versão PC de “Call of Duty: Modern Warfare II” e “Warzone”.

Também o sistema de “On Fire” foi eliminado, excepto que não, pois todas as personagens, incluindo as novas, continuam a ter presentes as falas desse mesmo sistema. A sensação que se tem ao jogar, por enquanto, é o de uma experiência incompleta, e que não teve o devido QA (Quality Assurance). O primeiro exemplo disto, é o simples facto de que vários heróis já foram desactivados e assim permaneceram durante vários dias e, à data deste artigo, apesar de alguns heróis já estarem de volta ao jogo, já foi removido outro, por terem sido encontrados bugs nas suas habilidades. Obviamente, os jogadores já encontraram problemas semelhantes em outras personagens, portanto se o ciclo continuar, “Overwatch 2” não terá a sua selecção de heróis completa tão cedo. Até um dos mapas foi removido da pool por motivos semelhantes. Já os batoteiros, andam por aí à solta, e o sistema de Replays e Kill Cams torna tudo isto fácil de detectar.

Torna-se aparente que o jogo precisava de mais tempo. Os sistemas actuais baseados na ganância pela qual a Blizzard já é bem conhecida, assim como o sistema de ranks opaco, tornam o jogo pouco gratificante. Resta agora saber o que vai ser feito na vertente de single-player, que parece ter sido adiada indefinidamente, e os planos que a companhia tem para corrigir alguns dos erros presentes no jogo que se apresenta, a esta altura, medíocre.


PRÓS

  • Veteranos do primeiro vão sentir-se em casa, as mecânicas continuam a ser maioritariamente as mesmas.
  • O jogo está bem optimizado e corre em batatas, tal como o seu antecessor.
  • Melhorias ao nível do novo sistema de ranking, mas que também introduz alguns novos problemas.

CONTRAS

  • Muitos bugs por corrigir, há algo novo para nos atrapalhar em cada sessão.
  • Todas as semanas há heróis que desaparecem do roster devido a problemas técnicos.
  • O balanço levou um reset, e todo o jogo terá que ser novamente afinado ao longo do tempo.
  • Muito pouco conteúdo novo.
  • O jogo regrediu em alguns aspectos.

| Título | Overwatch 2
| Plataformas | Xbox Series X|S, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4, Nintendo Switch e PC
| Género | Acção, FPS
| Estúdio | Blizzard Entertainment
| Publicadora | Blizzard Entertainment
| Preço | GRATUITO
Site Oficial

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6.5/10


Review realizada com acesso individual do autor ao jogo
Foi utilizado um PC (Ryzen 3600, 16GB 3200CL19 RAM, RX 5700XT) e um monitor AOC Agon 1440p 144Hz para esta review

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