Halo: Primeiras Impressões da Série

Vou ser já muito directa, pessoal. Não é um daqueles artigos fáceis de ler, e é dos mais difíceis para escrever. Há mais pontos negativos que positivos a retirar daqui, e sendo fã de Halo, não contem com uma opinião muito imparcial.

Contém spoilers dos primeiros episódios da série “Halo” da Paramount+.

Foram avisados.

Quem me conhece minimamente, sabe que sou fã de Halo. Quando joguei “Halo: Combat Evolved” pela primeira vez foi já em 2003, quando tinha cerca de 9 anos. Tinha entrado numa escola nova, acabado de começar o 5º ano e onde ficaria até ao 12º. Entrei fascinada com a história do Master Chief, Cortana e os Covenant, e saí a fazer noitadas de “Halo: Reach” na Xbox 360 com os meus amigos. Entrei na faculdade pela altura do “Halo 4” e quando terminei já sabia “Halo 5: Guardians” de trás para a frente.

Portanto, eu cresci com Halo. E os mundos que nos acompanham nestas importantes fases da vida ficam para sempre marcados. Tal como o caso de Harry Potter para uma geração inteira.

“HALO: COMBAT EVOLVED” MARCOU GERAÇÕES

“Halo: Combat Evolved” © 343 Industries

O primeiro título será sempre aquele que menciono quando me perguntam qual o jogo que mais me marcou. Não só fiquei fascinada com o grafismo ou pela vista em primeira pessoa (estreia para mim), como foi literalmente o jogo que mais me influenciou. Foi graças a Halo que comprei uma Xbox 360. E sem Xbox 360 não teria uma Xbox One, não teria criado os ‘Xbox PT Dummies’ no Facebook, não estaríamos aqui hoje a conversar. Nem teria portanto conhecido amigos incríveis antes e depois desta aventura dos ‘Dummies’, não teria conhecido o Tiago, não teria ido à E3. Enfim. Vocês perceberam a ideia, não?

Acontece que sempre me considerei uma apaixonada por Halo. Disponibilizo-me para ajudar novatos nas campanhas, adoro jogar multiplayer, ainda estou a caminho de ler livros e comics. Até pinturas já fiz com inspiração no universo.

Serei a maior fã? Isso não existe. Nem tampouco sou a indicada para dizer a seja quem for se a nova série vale a pena ou não. Gostos não se discutem, não é verdade? Mas vi ontem o primeiro episódio, “Contact” e acabou por ser algo mais difícil assistir do que pensei.

Quando anunciaram na E3 2014 que estavam a trabalhar numa série Halo fiquei tão contente. Os primeiros vislumbres de Halo em live-action vieram com os trailers de “Halo 3”. Com poucos minutos tínhamos algo tão perfeito… E logo aí ficou ditada, pelo menos para mim, a fasquia da qualidade que esperaria sempre para o futuro. Naturalmente, e após a surpresa que foi “Halo 4: Forward Unto Dawn”, pensei para mim que era desta.

“HALO LANDFALL” FOI UM VISLUMBRE DO SONHO

O processo foi longo e penoso. Apenas já pela altura da pandemia é que começámos a ouvir um burburinho. A série estava a ser feita. Tinham chegado a acordo com a Showtime e depois soube-se que seria transmitida na Paramount+. E aí o entusiasmo começou a crescer!

Até que os primeiros sinais de mudanças apareceram. O elenco foi revelado e aí surgiu a primeira polémica: um Captain Keyes… preto, interpretado por Danny Sapani. Por 20 anos fomos habituados a um personagem branco, tanto nos jogos como, por exemplo, na mini série animada “Halo: The Fall of Reach”. Como hoje em dia a sociedade gosta de levar tudo ao extremo, quem se queixou desta mudança foi vista como racista. Convenhamos, pessoal, que se aparecesse um Sergeant Johnson branco, também iríamos detestar. Acho natural que as pessoas se revoltem com este tipo de alterações quando por anos fomos sempre banhados por uma imagem específica. A revolta seria até maior se a armadura de Master Chief deixasse de ser verde militar. Aliás, as diferenças entre o que observámos ao longo de 20 anos e o que vemos na série “Halo” são muitas, inclusive, houve também descontentamento geral e estranheza quando num trailer vimos uma Cortana mais colorida, sem um tom monocromático de roxo ou azul. E nisto nem sequer há raças ou etnias à mistura. São as duas personagens principais da cronologia central dos videojogos que nos acompanham há 2 décadas.

Aliás, a saga de Halo tem diversidade cultural em todas as suas vertentes, inclusive nos livros. Em “Halo: Reach” é notória a diversidade étnica entre os Spartans, como Jorge-052, que vem de uma colónia repleta de descendentes húngaros. O ODST Kojo ‘Romeu’ Agu tem descendência africana. E é preciso lembrar Spartan Jameson Locke? (Terrível como não construíram mais história com ele nos jogos, espero termos novidades algures num DLC de “Infinite”.) Dito isto, concordo que há ainda uma predominância branca de europeus e americanos, especialmente em qualquer representação visual. Tem-se visto uma tentativa de melhorar isso, tanto nos trailers live-action de “Halo Infinite”, com a maravilhosa e tocante interpretação de Jamal Ajala somente com língua gestual, como nas novas personagens Kwan Ha (Yerin Ha) e Jin Ha (Jeong-hwan Kong) da série “Halo”. No entanto, há ainda muito caminho a percorrer para equilibrar e presentear os espectadores com a diversidade humana no franchise.

A DIVERSIDADE IMPORTA, SIM, MAS A QUE CUSTO?

Mas alterar a história de personagens já existentes não me parece ser a resposta. Como disse, seria horrível ver um Johnson branco. Nada substitui o carisma dele, e o seu tom de pele faz parte, pois as características físicas fazem também parte da nossa história, contam muito sobre as nossas raízes e cultura. As nossas origens constituem um pouco de nós.

Recentemente, um outro caso também já deixou alguns a torcer o nariz. Ellen Anders de “Halo Wars” parece ter perdido um pouco os seus traços asiáticos na sequela. Aqui, as personagens foram moldadas com os rostos de pessoas reais, ao contrário do seu antecessor. Apesar da mudança, a actriz responsável pela cara e voz de Anders, Faye Kingslee, tem traços chineses do lado do seu pai. Portanto, efectivamente, Anders não mudou propriamente de etnia, apenas não se tornou tão óbvia (o que ainda incomodou alguns fãs do spin-off). No jogo, também Captain Cutter sofreu uma grande mudança de visual, mas como a raça e tom de pele permaneceram semelhantes, foi visto como um aprimoramento. Embora faltasse ali aquele bigode e o homem tivesse rejuvenescido uns 20 anos.

Enfim, o tópico da raça continua a ser um campo de minas. Mesmo a escrever este texto fico sem saber que termos utilizar, com receio de incomodar alguém ou deixar transparecer a minha ignorância total, mesmo que para mim a diversidade nas pessoas seja linda e deva ser celebrada. Adoro cores, e quero ver uma maior presença em videojogos de traços africanos, asiáticos e sul americanos em personagens principais, bem como mulheres, homossexuais, bissexuais, transsexuais,… Mas realmente parece haver muito uma tentativa de agradar as pessoas que por tanto passaram, ao transformar personagens naquilo que simplesmente não são, e todos estes grupos dentro da sociedade merecem as suas próprias histórias e personagens de peso com origens que os orgulhem, do que serem apenas transformados em adaptações rápidas e baratas de histórias já construídas. Olhem só a beleza em “Black Panther”! Uma autêntica celebração das raízes africanas, com as personagens (já criadas, sim, mas que mantiveram a sua origem). Eles merecem mais do que serem inseridos nas histórias já construídas de outros.

Mas enfim, embora não gostasse de saber da nova etnia do Captain Keyes, puramente por esperar uma representação semelhante à do que já se conhecia, este é de longe a maior das mudanças em “Halo”.

A SILVER TIMELINE QUE MUDOU TUDO

Captain Keyes e Dra. Halsey na série “Halo” © 343 Industries

Depois do primeiro trailer na cerimónia dos The Game Awards, o pior veio quando um artigo da 343 Industries em Janeiro confirmou o que nem eu, nem muitos fãs de Halo alguma vez quiseram ver: uma linha temporal diferente. A Silver Timeline foi explicada no blogue Halo Waypoint, e quanto mais lia mais me contorcia por dentro. A série não é canónica nem tem qualquer tipo de relação com livros nem videojogos.

Acabou ali qualquer entusiasmo. É preciso ter muito cuidado quando se faz alterações grandes como esta em universos enraizados no coração de tantas pessoas. Não faltam exemplos de sucessos e flops em “Harry Potter”, “Star Wars”, o mundo de Tolkien ou o universo cinematográfico da Marvel. Adaptações de livros, por exemplo, sempre foi uma dor de cabeça. Naturalmente, o que resulta num meio escrito é totalmente diferente do que resulta num meio digital, pelo que algumas alterações ou, lá está, adaptações, não devem causar transtorno. O pior é quando criam personagens e arcos para alimentar conceitos ou agradar um público específico na esperança de captar novos olhares, caindo facilmente na desgraça. Foi o caso da Tauriel e o triângulo amoroso entre Elfo e Anão nos filmes “The Hobbit”, uma adição que não contribuiu em nada para a narrativa e trazia desconforto em todos os momentos que era abordada. Houve filmes que vi antes de ler livros, e livros que li antes de ver filmes, e embora haja sempre a nossa percepção pessoal de cada história, nunca senti que houvesse mudanças drásticas nas personagens. Os criadores das adaptações, na maioria das vezes, parecem pelo menos respeitar as obras originais, captando o seu sentido e alma num novo formato.

Portanto, qualquer comparação entre muitos destes exemplos e a nova série “Halo” é ilógica. Tentei dar oportunidade apesar de saber das mudanças drásticas ao lore, que achei ter sido desrespeitado, mas a tristeza profunda assolou-me quando não reconheci praticamente nenhum personagem nesta nova cronologia. Primeiro, deitaram ao lixo o conteúdo extenso, um dos mais extensos dos universos em videojogos, ignorando dezenas de livros e milhões de anos de história criativa. Depois, usaram nomes para personagens que não têm nada a ver com aquilo que conhecemos delas.

PRIMEIRO TRAILER DA SÉRIE “HALO”

No primeiro episódio, somos apresentados a uma colónia repleta de Insurrectionists antes dos acontecimentos da queda de Reach, antes de qualquer anel ter sido encontrado. Parece ser uma introdução sólida, e quando uma das personagens principais, Kwan Ha, encontra uma nave Covenant, ninguém esperaria o sangue e falta de membros para aquilo que estamos habituados nos jogos de Halo.

Por momentos, parece que mantiveram a narrativa de Insurrectionists e UNSC andarem em guerra por motivos geopolíticos, culturais e sociais. No entanto, fiquei com a impressão que os UNSC eram apresentados na série como algum tipo de força militar opressora e vilã, quando há perspectivas que são válidas de ambos os lados. Os Insurrectionists parecem também surpresos com a presença dos Covenant, o que bate certo com o que se sabe do surgimento desta aliança de espécies alienígenas nos livros.

Quando se está à espera que venha Chief salvar os habitantes de um massacre, os Elites surgem com um design de capacetes diferente, tirando um pouco a sua presença ameaçadora e estatura imponente. A sua anatomia parece impecável, mas começam a surgir os primeiros vislumbres de um CGI que já viu melhores dias até em “Halo 4: Forward Unto Dawn”. Entretanto chega a Silver Team do céu, assemelhando-se mais a autênticos robôs do que os Spartans ágeis e mortíferos que conhecemos. Nota-se mesmo uma dificuldade de movimento na sua locomoção. Os Spartans são humanos, mas nem parecem. São apresentados sem personalidade alguma, como máquinas sem alma na sua forma de andar, falar e ser. Nisto, Chief toma a primeira acção que me convence que a 343 Industries falhou. No rescaldo, uma jovem rapariga que acaba de lidar com uma perda dura, pede aos Spartans para não a abandonarem. Não lhe dirigem a palavra e procuram um artefacto Forerrunner nas imediações.

De tudo o que se viu de John até hoje, seria impensável para ele, em jogos ou livros, velho ou novo, ignorar uma adolescente com tanta frieza sem a assegurar que estava salva e que voltariam para ir buscá-la. Isto não é o Master Chief.

MUDANÇAS A MAIS NO LORE

Silver Team na série “Halo” © 343 Industries

Depois o resto vai decaindo. Master Chief parece ter memórias suprimidas pela Dra. Halsey e a sua equipa. Vi alguém argumentar no Twitter que esta acção fazia sentido porque Halsey sempre foi uma pessoa fria capaz de tudo para atingir os seus objectivos. Para mim não.

Halsey sempre foi uma personagem complexa (das minhas favoritas) porque tem uma sede perigosa por conhecimento e sempre que possível preferia usar os Spartans para encontrar respostas aos maiores mistérios da galáxia ao conseguir acesso a artefactos Forerunners. Os Spartans foram criados primeiramente com o propósito de acabar com os rebeldes das colónias exteriores, e depois foram adaptados para combater os Covenant. Mas, para todos os efeitos, Halsey via os seus Spartans como filhos. Não é por acaso que ela se refere a cada um pelo seu nome, não pelo seu número ou hierarquia militar. E foi preciso a sua frieza para conseguir levar o programa Spartan até ao fim, sabendo ela que iria perder a maioria das crianças que foram escolhidas. No entanto, de todas as pessoas da galáxia, era Halsey quem mais se preocupava com as cobaias do seu projecto, sendo impossível para ela desligar-se completamente dos miúdos que se foram tornando em soldados. O Master Chief, ou John-117, foi recrutado pela própria Halsey. Sempre existiu uma relação um pouco diferente entre eles os dois, quase como se a qualidade que mais fascinasse a cientista fosse a sorte do rapaz de olhos azuis, algo que não é possível de criar num laboratório.

Aliás, a possibilidade de eliminar memórias das famílias das crianças foi abordada por Déjà, uma IA designada para ajudar no treino dos Spartans-II, no livro “Halo: The Fall of Reach”. No excerto abaixo, pode-se tanto ver que o tópico foi abordado, como Halsey tinha, também, humanidade.

“You have read my psychological evaluations?” Déjà asked Dr. Halsey.

“Yes. They were quite thorough,” she said. “Thank you.”

“And?”

“I’m forgoing your recommendations, Déjà. I’m going to tell them the truth.”

Mendez gave a nearly inaudible grunt of approval—one of the most verbose acknowledgments Dr. Halsey had heard from him. As a hand-to-hand combat and physical-training DI, Mendez was the best in the Navy. As a conversationalist, however, he left a great deal to be desired.

“The truth has risks,” Déjà cautioned.

“So do lies,” Dr. Halsey replied. “Any story fabricated to motivate the children—claiming their parents were taken and killed by pirates, or by a plague that devastated their planet—if they learned the truth later, they would turn against us.”

“It is a legitimate concern,” conceded Déjà, and then she consulted her tablet. “May I suggest selective neural paralysis? It produces a targeted amnesia—”

“A memory loss that may leak into other parts of the brain. No,” Dr. Halsey said, “this will be dangerous enough for them even with intact minds.”

Dr. Halsey clicked on her microphone. “Bring them in now.”

“Aye aye,” a voice replied from the speakers in the ceiling.

“They’ll adapt,” Dr. Halsey told Déjà. “Or they won’t, and they will be untrainable and unsuitable for the project. Either way I just want to get this over with.”

Four sets of double doors at the top tier of the amphitheater swung open. Seventy-five children marched in—each accompanied by a handler, a Naval drill instructor in camouflage pattern fatigues.

The children had circles of fatigue around their eyes. They had all been collected, rushed here through Slipstream space, and only recently brought out of cryo sleep. The shock of their ordeal must be hitting them hard, Halsey realized. She stifled a pang of regret.

When they had been seated in the risers, Dr. Halsey cleared her throat and spoke: “As per Naval Code 45812, you are hereby conscripted into the UNSC Special Project, codenamed SPARTAN II.”

She paused; the words stuck in her windpipe. How could they possibly understand this? She barely understood the justifications and ethics behind this program.

They looked so confused. A few tried to stand and leave, but their handlers placed firm hands on their shoulders and pushed them back down.

Six years old . . . this was too much for them to digest. But she had to make them understand, explain it in simple terms that they could grasp.

Dr. Halsey took a tentative step forward. “You have been called upon to serve,” she explained. “You will be trained . . . and you will become the best we can make of you. You will be the protectors of Earth and all her colonies.”

A handful of the children sat up straighter, no longer entirely frightened, but now interested.

Dr. Halsey spotted John, subject Number 117, the first boy she had confirmed as a viable candidate. He wrinkled his forehead, confused, but he listened with rapt attention.

“This will be hard to understand, but you cannot return to your parents.”

The children stirred. Their handlers kept a firm grip on their shoulders.

“This place will become your home,” Dr. Halsey said in as soothing a voice as she could muster. “Your fellow trainees will be your family now. The training will be difficult. There will be a great deal of hardship on the road ahead, but I know you will all make it.”

Patriotic words, but they rang hollow in her ears. She had wanted to tell them the truth—but how could she?

Not all of them would make it. “Acceptable losses,” the Office of Naval Intelligence representative had assured her. None of it was acceptable.

“Rest now,” Dr. Halsey said to them. “We begin tomorrow.”

She turned to Mendez. “Have the children . . . the trainees escorted to their barracks. Feed them and put them to bed.”

“Yes, ma’am,” Mendez said. “Fall out!” he shouted.

The children rose—at the urging of their handlers. John 117 stood, but he kept his gaze on Dr. Halsey and remained stoic. Many of the subjects seemed stunned, a few had trembling lips—but none of them cried.

These were indeed the right children for the project. Dr. Halsey only hoped that she had half their courage when the time came.

“Keep them busy tomorrow,” she told Mendez and Déjà. “Keep them from thinking about what we’ve just done to them.”

2300 HOURS SEPTEMBER 23, 2517 (MILITARY CALENDAR ) / EPSILON ERIDANI SYSTEM, REACH MILITARY COMPLEX, PLANET REACH
CHAPTER 3
“HALO: THE FALL OF REACH”

Para todos os efeitos, Halsey confiava a própria vida aos Spartans que criou, e não me parece fazer sentido que ela fosse capaz de suprimir memórias quando tinha uma ligação com eles que provavelmente nem com a própria filha tinha.

E aí entramos noutro ponto onde a história entra em conflito. Precisamente, provavelmente pela fraca relação na sua infância com a Dra. Halsey, Miranda Keyes seguiu os passos do pai e entrou na academia militar, nos UNSC. Miranda Keyes era Comandante, não cientista especialista em artefactos Forerunners como nos sugerem na série.

Enfim, surgem problemas atrás de problemas, e a verdade é que ao fim de dois episódios desisti. Saía da cadeira desiludida, mal disposta e revoltada com o que fizeram com os personagens. Seria uma série interessante e cativante, não fosse o nome e os personagens. Toda esta produção é o reflexo de uma narrativa preguiçosa. Uns defendem que preguiça era fazer um copy paste do que já existe, mas primeiro, não há nada de errado com adaptações e penso que os fãs de Halo mereciam ver a história que nos conquistou na Xbox no grande ecrã, por exemplo. Segundo, a preguiça está na constante tentativa em reutilizar o mesmo material. Halo é muito mais do que Master Chief. E não é preciso alterar um personagem tão conhecido no coração dos fãs para humanizá-lo. Quem acompanhou Chief ao longo destes 20 anos, sabe bem da sua humanidade. Aliás, a constante tentativa de humanizar o soldado debaixo do fato é tão grande, que criam-se momentos absolutamente desnecessários e incoerentes. Qual a lógica de um super soldado andar constantemente sem capacete, sendo que este contém inúmeras funções a ajudas para os Spartans cumprirem as suas missões? É fulcral em batalha, reconhecimento, terreno inimigo.

ESTE UNIVERSO É COLOSSAL

A crescente colecção de livros de Halo (e nem incluí os comics) © 343 Industries

Num universo tão extenso, se a liberdade criativa ainda era problema, haveria inúmeras histórias novas que poderiam contar, com enredos interessantes, acção aliciante e, na passagem de personagens familiares, momentos brilhantes onde acertam naquilo que importa, nomeadamente o seu carácter, as coisas que fazem destas personagens aquilo que ajuda a identificá-las. Lembram-se de “Halo 4: Forward Unto Dawn”? Eis um exemplo de algo bem feito sem desrespeitar o que já existia.

Com tristeza concluo que esta série acabou por se tornar um reflexo de falta de ideias com clichés a mais numa plataforma de entretenimento que em breve ficará saturada de séries de ficção científica. Halo é único e icónico, com conteúdo e histórias fortes que falam por si mesmas e teriam um impacto interessante no mundo das séries, atraindo tanto fãs de longa data como curiosos de todas as idades que nunca colocaram as mãos num livro ou jogo deste mundo.

Parece que alguém da produção caiu na armadilha de reutilizar o conteúdo que sabe que vende sempre, Master Chief, e tentou criar algo novo na esperança que não parecesse mais do mesmo. Mas acabou por ser, um universo espectacular, cheio de mistérios, debates filosóficos, intrigas e tópicos difíceis, para apenas mais uma banalidade sci-fi que poderia passar despercebida. O nome é a única coisa que a carrega, porque carece de personalidade e ainda desrespeita por completo o trabalho original de dezenas de criadores e escritores, cujos conceitos mereciam ser apresentados no grande ecrã à escala do MCU (se tivesse a fanbase).

Claro, passou apenas os primeiros episódios, que não define uma série inteira. Deixou pouco impacto, um sabor amargo na boca e não me deixa a mim, nem a tantos outros fãs de Halo, com o mínimo de interesse em continuar, ou esperança em ver algum milagre acontecer.

O que vi é indescritível. E simplesmente não consigo ver mais… Tentei!

COMUNIDADE DUMMIES

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