Let’s Build a Zoo – Review

Há aqueles jogos que não surpreendem. Há aqueles que trazem algo de genial, mas são marcados por demasiadas falhas para vingarem. Há ainda as verdadeiras cabras (pun intended), os que rebentam escalas já de si irrealistas. E depois, há aqueles que são como uma bela canja quente numa noite de Inverno, feita em casa e temperada com orégãos e sal, perfeita para degustar enquanto se vê uma série.

Este último é o caso de “Let’s Build a Zoo”, que sabe como um prato reconfortante e quiçá requintado o suficiente para o nosso exigente paladar. Pois é. Nem sempre precisamos duma francesinha. Por vezes basta estar no conforto do nosso lar com algo feito com ingredientes tão simples, mas que são apenas a felicidade numa tigela.

Let's Build a Zoo
“Let’s Build a Zoo” © Springloaded | Autora: Catarina Ferreira

Se jogaram “Theme Park” como eu, é fácil ver as imediatas referências e inspiração. Especialmente aquele mapa cheio de pontos vermelhos. Mas o mundo mudou muito desde 1994, tendo apresentado um role diverso de jogos de gestão, estratégia e simulação.

Isto fez com que não só os visuais como a própria jogabilidade e número de opções para gerir parques, hospitais, zoos, cidades e colónias, aumentassem exponencialmente. Temos hoje verdadeiras réplicas em videojogos do que poderíamos ter no mundo lá fora.

Mas por vezes sentimos falta de alguma simplicidade. De não ter que monitorizar tudo. E “Let’s Build a Zoo” faz isto perfeitamente, providenciando uma tela gigante para construir um zoo cheio de cor e animais, sem que nos deixe stressados.

Aliás, a gestão é tão leve e acessível, que a determinada altura comecei a entrar em pânico porque não estava a fazer dinheiro, e descobri que era somente porque tinha colocado os bilhetes gratuitos sem querer. Parece que essa auto sabotagem está em dia!…

Mas não é por isso que não existem coisas para gerir. Pode-se decidir a qualidade dos alimentos vendidos nas lojas, atribuir recintos aos animal keepers, espalhar de forma equitativa os caixotes do lixo, e escolher a dieta das diferentes espécies. Sabe tão bem equilibrar as percentagens até as barras de saciação e nutrição ficarem verdes! No entanto, isto não representa uma linha entre o sucesso e a derrota. As coisas funcionam na mesma nem que todos comam palha. Por isto, “Let’s Build a Zoo” torna-se um jogo capaz de conquistar uma maior audiência do que os restantes jogos do género.

“Let’s Build a Zoo” © Springloaded | Autora: Catarina Ferreira

A sua pixel art transporta-nos a tempos também mais simples, onde a felicidade se resumia à diversão e não ao número pixéis ou frames por segundo na tela. Efectivamente, esta é uma experiência com bastante para oferecer, tendo dezenas de horas de diversão com coisas para conquistar e desbloquear. E a arte visual? Faz-nos querer sempre trazer o arquitecto paisagista interior ao de cima, com cada vez mais zonas pensadas onde não faltam escolhas de plantas, tipo de piso, edifícios e outros acessórios.

Mas afinal, qual é o objectivo do jogo? É contigo! Podes criar o espaço mais esteticamente apelativo da internet, conseguir um exemplo de cada espécie existente no teu zoo e suas variantes, ou tentar recriar as mais de 300 mil combinações de animais diferentes (desafiando as leis da natureza e questionando a moralidade de tais acções).

Como caçadora de Achievements, é por aqui que irei envergar, mas com ainda somente quase 24 horas de jogo, o aborrecimento não parece querer alguma coisa com esta experiência. Ainda não deu para cansar de tentar criar todas as variantes possíveis de capivaras, coelhos (que reproduzem-se como tal), cavalos, e ainda só agora comecei com os ursos, focas e suricatas!

“Let’s Build a Zoo” © Springloaded | Autora: Catarina Ferreira

Também é preciso dedicar algum tempo a “Let’s Build a Zoo” para desbloquear tudo o que houver com research points. Mas o painel com os diferentes objectos e opções que podemos ir comprando não é necessariamente o melhor modelo. Os diferentes itens estão espalhados, o que não ajuda se quisermos planear o nosso caminho para desbloquear algo num futuro próximo, com algum tipo de sucessão lógica. Há várias categorias diferentes, desde tipo de recintos a decoração, e acaba-se por conquistar cada novidade de forma aleatória. Torna-se ainda mais estranho quando surgem alguns exemplos que dependem de outros. Portanto, quando finalmente desbloqueamos algo, não temos bem a certeza do que virá a seguir. E, para adicionar ao quebra-cabeças, o jogo não indica quais os itens que podemos desbloquear com o número de pontos que temos a determinado momento. Literalmente, é necessário passar por cima de cada quadrado disponível e ver o seu custo.

Por outro lado, não seria a pior ideia que o jogo nos dissesse as variantes possíveis de cruzamento de espécies, pelo menos quando estamos a querer fazê-las no CRISPR. Mas dado que há milhares de possibilidades, isto seria contraproducente. Acreditem, eu informei-me.

“Let’s Build a Zoo” não só oferece este conteúdo que se estende por horas, como ainda reserva itens e escolhas que irão dar-te pontos de bondade ou maldade. Consoante o teu caminho, poderás desbloquear novos objectivos e opções exclusivas. Mas o que realmente perturba no meio disto, é a quantidade de Achievements que te premeiam pela maldade: por vender 10 animais no mercado negro, construir uma fábrica de bacon ou partir dentes com pipocas. Como assim???

“Let’s Build a Zoo” © Springloaded | Autora: Catarina Ferreira

Mas como uma bela canja nem sempre sai bem, “Let’s Build a Zoo” também tem os seus quês. Um deles sem dúvida é a existência dum segundo mapa que consiste somente num modo sandbox. Talvez resulte para outros tantos, mas aqui a falta de direcção ou objectivo tirou a sua motivação. Por outro lado, o DLC “Dinosaur Island” traz um novo espaço com mais itens de decoração e um role enorme de novos animais do mundo pré-histórico. É mais conteúdo aliciante para quem procura motivos para continuar a sua experiência.

O jogo até parece ter uma característica que certamente facilitará a jogabilidade em ecrãs mais pequenos. Tem um zoom imenso, onde até se veria borbulhas nos rostos dos visitantes se as tivessem desenhado. Mas o mesmo não se pode dizer das possibilidades de tamanho do texto ou itens, que apenas não existem. E no tópico de visitantes, não há muitas opções para controlar o seu fluxo, tendo dezenas deles por vezes a cansarem-se e criarem má opinião do zoo, somente porque decidem deambular por áreas onde não há nada sequer.

A jogabilidade é simples, até mais na consola do que no PC, mas há espaço para correcções. O cursor, controlado com o analógico esquerdo, nem sempre funciona. Deixa, primeiramente, um rasto de círculos de diversas cores do arco-íris, o que esteticamente fica estranho, mas servirá para compreender onde este se encontra. O problema é quando deixa de funcionar e fica-se com o cursor de selecção de objectos a pairar. Um símbolo com cantos brancos que mal se vê no meio do caos vibrante do zoo.

“Let’s Build a Zoo” © Springloaded | Autora: Catarina Ferreira

Em suma, com as poucas falhas que tem, “Let’s Build a Zoo” tem conteúdo para dar e render e é, fundamentalmente, divertido de jogar. Caramba, é até divertido controlar a dieta dos animais! Esta é uma espécie de jogos não tão rara quanto fazem parecer, mas tão pouco valorizada. E para quem tem Xbox Game Pass, não há desculpa para não experimentar.

A Springloaded parece ser ainda uma equipa fantástica que procura melhorar a experiência com constante correcção de bugs e melhorias na jogabilidade. Têm Discord e ainda um roadmap no Trello onde mencionam, por exemplo, o desejo de criar vedações ou a possibilidade de animais fugirem do seu espaço.

Enquanto continuam a adicionar mais ainda a “Let’s Build a Zoo”, fico à espera dum Let’s Build a Park. Era isso com um Two Point Park e temos duas aves raras. Imaginem as possibilidades!


PRÓS

  • Conteúdo para dezenas de horas;
  • Jogabilidade tranquila e relaxada;
  • Pixel art esteticamente apelativa;
  • Modo câmara;

CONTRAS

  • Falta corrigir alguns bugs;
  • Painel de research podia ter algumas melhorias;

| Título | Let’s Build a Zoo
| Plataformas | Xbox Series X|S, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4, Nintendo Switch e PC
| Género | Gestão, Simulação
| Estúdio | Springloaded
| Publicadora | No More Robots
| Preço | 19,99€
Site Oficial

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9/10


Código de review foi providenciado pela No More Robots
Foi utilizada uma Xbox Series X e TV LG OLED 4K para esta review

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