Microsoft contesta o formato de negócio da Sony

O processo da compra da Activision/Blizzard continua a dar que falar. Já foram buscar as pipocas? Então sentem-se e vamos lá a mais um episódio de “Microsoft VS Sony: A Compra da Activision/Blizzard”.

A verdade é que tem parecido uma novela mexicana no mundo digital. Como dito num artigo anterior, o processo de aquisição da Activision/Blizzard tem vários passos para ser aprovado, passando por diversas regulamentações de diferentes países.

Actualmente, a compra está a ser analisada no Brasil e tem acendido o tópico em torno do conceito de monopólio, a importância de Call of Duty, e o sucesso do Game Pass e consequentes modelos de monetização de videojogos digitais em novos formatos. Após a divulgação das preocupações da Sony, que afirmou que Call of Duty não tem igual e que ainda falta construir um rival do Xbox Game Pass, a Microsoft já deu a sua resposta.

A posição isolada da Sony pode ser provavelmente explicada pelo fato de que a oferta de jogos por assinatura da Microsoft, o Xbox Game Pass (“Game Pass”), foi lançada como uma resposta competitiva da Microsoft ao insucesso do Xbox na “guerra de consoles” e à necessidade de ofertar aos jogadores valor adicional em relação ao modelo “buy-to-play” tradicional. Desse modo, o Game Pass ameaça competir de forma mais efetiva com o modelo buy-to-play, adotado com bastante êxito pela Sony.

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© Microsoft

A empresa americana utilizou vários argumentos para apontar a incoerência das afirmações da Sony, e acusou-a de pagar para impedir que jogos saiam no serviço do Game Pass. A Microsoft ainda afirma que o motivo de preocupação da competição não se deve ao facto de Call of Duty ser tão único como descrito nas declarações há semanas, mas porque ambas as empresas estão em patamares diferentes na monetização de videojogos no mundo digital e a Sony teme perder a liderança. O documento em causa poderá ser consultado online.

(…) a Sony não quer que serviços por assinatura atraentes ameacem sua dominância no mercado de distribuição digital de jogos de console. Em outras palavras, a Sony se insurge contra a introdução de novos modelos de monetização capazes de desafiar seu modelo de negócios.

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Está na altura de colocar o cinto para esta, porque a Microsoft escolheu a violência. Ficam os leitores avisados a partir de agora que há cenas que poderão ferir a sua suscetibilidade.

A inclusão de conteúdo da Activision Blizzard no Game Pass não prejudica a capacidade de concorrer dos demais consoles, e sim aumenta a concorrência na indústria de jogos… para descontentamento da Sony.

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A Microsoft prossegue para realçar que a Sony é líder de vendas de consolas e de distribuição digital de jogos em consolas, usando este argumento para defender que a posição da mesma há dias não reflecte a ameaça da Microsoft, mas sim a dominância actual da Sony no mercado de videojogos, com receio de perder o lugar no pódio.

Tal crítica (…) revela a real preocupação da Sony: o receio de que um modelo de negócios inovador que dá acesso a conteúdo de alta qualidade e a custos imediatos mais baixos aos consumidores – algo que deveria ser exaltado, em vez de criticado – ameace sua posição de liderança na indústria de jogos, com a Microsoft afastando-se de uma estratégia de negócios “device-centric” (…) em direção a uma estratégia mais centrada no consumidor (“gamer-centric”), que permitirá aos jogadores jogarem os jogos que quiserem, onde quiserem e com dispositivo que quiserem.

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Neste trecho, a Microsoft acrescenta que a Sony teria mais sucesso no seu modelo actual de PlayStation Plus se colocasse títulos no serviço no dia de lançamento. Isto tem sido comentado também pela comunidade de jogadores, que desejam ter algo como o Xbox Game Pass Ultimate na PlayStation.

A polémica nas redes sociais foca-se talvez numa realidade que foi, efectivamente, confirmada após as suspeitas de muitos fãs de Xbox. Aparentemente, a Sony paga mesmo a estúdios para impedir que os seus jogos cheguem à Xbox, uma prática que será discutível mas não inédita ou pioneira. Trata-se de uma estratégia para prejudicar ou eliminar a competição. O curioso será ver isto, finalmente, a ser admitido em público.

É facto que a competição é feroz e as empresas utilizam diversas jogadas para enaltecer o seu produto. Direitos de marketing ou exclusividade temporários, por exemplo, não são estranhos tanto à Sony como à Microsoft. Temos o exemplo de “Rise of the Tomb Raider”, que foi exclusivo Xbox durante um ano, ou o mais recente “Final Fantasy XVI”, que parece seguir as pegadas de “Final Fantasy VII Remake”. No entanto, a Microsoft reitera que a Sony aposta mais na exclusividade de jogos de terceiros para competir, chegando a bloquear conteúdo à concorrência.

A capacidade da Microsoft de continuar expandindo o Game Pass tem sido obstruída pelo desejo da Sony de inibir tal crescimento. A Sony paga por “direitos de bloqueio” para impedir que desenvolvedores adicionem conteúdo ao Game Pass e outros serviços de assinatura concorrentes.

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Franquias como Call of Duty continuam previstas lançar para todas as plataformas, e a Microsoft ainda afirma que “(…) a estratégia de reter os jogos da Activision Blizzard, não os distribuindo em lojas de console rivais, simplesmente não seria lucrativa para a Microsoft.

E são estas as novidades de mais um episódio emocionante no mundo burocrático da guerra de consolas (para aqueles jogadores que gostam de ver o circo a arder). Para os executivos, serão apenas negócios e nada indica que este não vá para a frente.

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