Ghostbusters: Spirits Unleashed – Review

“Quando há algo de estranho, no teu bairro, quem é que vais chamar? OS CAÇA-FANTASMAS!”

Sim eu sei, cantado Português não fica tão bem, mas como não ficar em euforia à ideia de um novo jogo do universo “Ghostbusters”? Principalmente quando a última vez que tivemos um, tirando o LEGO em 2020 e os jogos mobile em 2016 e 2018, foi há mais de 6 anos, em 2016!

“Ghostbusters: Spirits Unleashed”, que já tinha sido noticiado no último ID@Xbox, foi criado e distribuído pela IllFonic, estúdio de desenvolvimento conhecido por títulos como “Friday the 13th: The Game“, “Arcadegeddon” e “Predator: Hunting Grounds“. Títulos estes importantes a lembrar, já que se nota uma clara inspiração das mesmas neste novo opus do universo dos nossos caçadores de fantasmas favoritos (não me esqueci dos fãs de “Supernatural”, mas esta review é sobre outra famosa equipa de caçadores de fantasmas).

Então volta a vestir o macacão e as luvas de látex, pega na tua mochila de protões e pistola de partículas, e prepara-te, porque assim que o telefone tocar, está na altura para voltar a caçar fantasmas!

© IIIFonic

REGRESSO AO QUARTEL GENERAL

“Ghostbusters: Spirits Unleashed” por ser um jogo, quase exclusivamente, online, impõe um tutorial que nos explica a jogabilidade, antes mesmo de começarmos a caçar (ou a ser caçados) em partidas com outros jogadores do mundo inteiro. Mas é exatamente aqui que começa toda a “astúcia” da IIIFonic, bem aproveitada pela Propriedade Intelectual (PI) que tenta respeitar e representar. Pois ao invés de sermos atirados aos lobos, sem perceber muito bem o que está a acontecer, temos direito não só a um “micro” modo história (com cinemáticas e tudo!) mas também a uma certa interatividade com os personagens no quartel general, uns mais famosos do que outros, o que nos coloca não só no mood certo, mas também nos ensina de forma intuitiva e lúdica como usar o nosso comando para agarrar nos fantasmas e os colocar na armadilha.

A primeira personagem que nos é apresentada, através de uma cinemática, é nada mais, nada menos, do que o mítico Winston Zeddemore (com a voz do próprio ator do filme original, Ernie Hudson). Vemo-lo a entrar num quartel-general, em ruínas, no qual o tempo não foi o melhor companheiro, acompanhado do também mítico Ectomobile, o Cadillac Miller-Meteor Futura Duplex de 1959 reabilitado no filme de 1984, e que serve de transporte à equipa de choque dos Caça-Fantasmas. É a seguir rodeado de uma equipa de construção, que trata de por o edifício com o seu charme de outrora, enquanto Winston vagueia pelo lugar, relembrando dias que já não voltam e aventuras passadas, tudo isto numa série de planos sequenciais dignos de um blockbuster “Hollywoodiano”.

Ao longo desta cinemática, que dura menos de cinco minutos, também damos de caras com outro mastodonte da franquia: Ray Stantz (com a voz do próprio ator do filme original, Dan Aykroyd). E é também por essa altura que fazemos o conhecimento da Catt (pela voz de Shara Kirby), personagem novo fará as apresentações no quartel general, da equipa, e seus equipamentos, e será a nossa interlocutora ao longo da aventura.

Catt (Shara Kirby) e Winston Zeddemore (Ernie Hudson) © IIIFonic

UM GUARDA ROUPAS ABUNDANTE

Somos convidados, de seguida, a ir vestir o nosso macacão, uma oportunidade perfeita para finalmente vermos o nosso personagem, e por consequência, personalizarmos toda a sua estética. E é aqui que começa um dos pontos fortes deste jogo, já que o mesmo dispõe de uma panóplia de customizações que vão desde a forma corporal, à cor do cabelo, passando pela voz (tanto no fundo, como na forma), roupa, traços faciais, acessórios e muito mais.

Este é o momento perfeito para darmos asas a nossa imaginação e, ou optarmos por uma aparência mais próxima da realidade (quem nunca quis ser o quinto mosqueteiro na luta contra os fantasmas), ou algo mais extravagante, talvez próximo de um look que gostaríamos de ter. Ou simplesmente um gosto por experiências estéticas novas. Afinal de contas, cada um tem a liberdade para ser como é, dentro ou fora de uma experiência vídeo lúdica.

Quanto a mim, tentei sair um pouco da minha zona de conforto e tentar fazer algo de extravagante, acabando finalmente por, ao final de quase um quarto de hora, por um look mais “terra-a-terra” com a realidade. Porque, acreditem, com a quantidade de personalização que existe, eu conseguia ficar ali horas e horas a experimentar looks diferentes e nunca acabar por escolher nenhum. Tirei, no entanto, uma série de fotos, para registar o processo! Deixo aqui uma das experiências que fiz:

© IIIFonic

UM TUTORIAL SIMPLES, MAS EFICAZ

Finalmente, após termos andado a brincar aos Sims com o nosso personagem, somos levados para uma série de tutoriais, curtos mas eficazes, que nos explicam em breves botões e movimentos, como pegar em tudo a fim de nos prepararmos para as lutas que se aproximam.

Começamos dirigindo-nos para um beco, que se encontra entra o quartel-general e a loja de livros do oculto gerida pelo Ray, na qual encontramos a Catt que nos dá uma demonstração de como apanhar o nosso primeiro fantasmas usando a pistola de partículas e uma boa dose de concentração.

© IIIFonic

O processo em si não podia ser mais simples, começamos por atacar, com a nossa pistola de partículas, alguns fantasmas de cartão, alinhados de forma perfeita para testar a nossa coordenação motora. De seguida fazemos a mesma operação mas com um fantasma “almofadado”, transportado por um drone, o qual temos de conseguir agarrar e direcionar. Tudo isto tendo atenção à ventilação da nossa mochila de protões que, ao chegar à sua capacidade máxima, nos obrigará a esperar enquanto a mesma arrefece. Ao apanhar o fantasmas, basta então atirar a armadilha que abre uma bolsa de partículas e atrai o fantasma para o seu interior, que nem uma ‘pokébola’. Simples e eficaz, como nos bons velhos tempos.

Por fim, mais original ainda, uma “caça ao tesouro” usando o nosso detetor espectros: “PKE-metro” (P.K.E Meter ou Aurascope em inglês), ajudando na detecção de sinais fantasmagóricos dentro de objetos (já que os fantasmas se podem esconder dentro de qualquer objeto). Esta ferramenta será tão ou mais importante do que a mochila de protões. Sem ela teremos, por consequência, uma tremenda dificuldade em detectar certos fantasmas, dando-lhe então toda a sua importância.

Ghostbusters Spirits Unleashed
© IIIFonic

Após esta intensa sessão de treino, somos finalmente apresentados a um novo membro da equipa, Edmund “Eddy” Chan (voz de Mike Haimoto), o qual para além de nos calibrar o detetor de espectros, também nos dá a entender que diversas melhorias são possíveis para o dito equipamento, e que as mesmas poderão ser posteriormente adquiridas (e configuradas por ele). Uma informação que será muito útil numa parte mais avançada do jogo.

Com o tutorial acabado, chegou a altura de pegar no primeiro trabalho. E em “Ghostbusters: Spirits Unleashed” trabalhos é o que não vai falar, já que é principal base para a mecânica do jogo. O primeiro trabalho será feito sozinho (contra o computador), de forma a nos ambientarmos a tudo. A partir daí será sistematicamente feito ou com amigos ou com puros desconhecidos. Os trabalhos em questão, que nos fazem ganhar pontos, podem ser realizados como caçador de fantasmas… ou como o próprio fantasma!

Ghostbusters Spirits Unleashed
© IIIFonic

UM TRABALHO DIFERENTE DE TODOS OS OUTROS

E é aqui que a aventura começa realmente. O conceito é simples, há dois modos de jogo: Caçador e Presa. No primeiro modo de jogo, vestimos a pele do personagem que personalizámos há poucos minutos, com mais 3 outros membros, com o objetivo de conseguir caçar o fantasma que passeia pelo mapa, e as suas fendas. O segundo modo de jogo é o exato oposto, aqui estamos na pele (alma? trapo? banha?… pouco interessa) do fantasma, e temos de conseguir assustar a maioria das pessoas num edifício, (mapa), sem perdermos todas as nossas fendas e sem sermos apanhados.

A receita é, então, a mesma que no “Friday the 13th: The Game” e até mesmo “Dead By Daylight“, onde controlamos ou um grupo de vulneráveis que querem escapar, ou um vilão todo poderoso que os tem de apanhar (aqui o rácio quantidade X força é invertido). Tudo isto apimentado por uma fase em que controlamos um fantasma, nos quais temos de nos esconder no ambiente, muito próximo do que já nos foi proposto em títulos como “Witch It“.

Independentemente da equipa escolhida, em cima do ecrã iremos encontrar uma barra de susto, que tem de ser preenchida pelo fantasma, e irá definir quem venceu a partida. Sendo que os caçadores têm de conseguir apanhar o espectro antes da barra chegar ao seu máximo, e este último tem, por sua vez, de a fazer chegar ao máximo antes de perder todas as fendas. Uma vez o máximo atingido, inicia-se uma contagem decrescente, o que dá tempo suficiente para um último ataque, ou escapadela.

Ghostbusters Spirits Unleashed
© IIIFonic

No meio desta violência toda, por assim dizer, encontramos também uma série de NPCs (Non-Playable Characters ou personagens não jogáveis), que retratam um funcionário ou visitante do espaço em questão. Na primeira missão é um museu, e eles servem para alimentar a barra de susto do fantasma. Por sua vez, os civis, terão de ser acalmados pela nossa equipa de choque o mais rapidamente possível. É importante também de notar que, se um civil (NPC) atingir um valor muito alto de medo, irá sair do edifício, tornando assim impossível a possibilidade de equilibrar a barra tranquilizando-o. O sistema para acalmar os civis também é muito interessante, visto tratar-se de uma barra que tem de ser accionada no tempo certo, e que irá gerar por consequência um diálogo, que vai do muito descuidado ao bastante tranquilizador.

Conceito simples, mas funcional, que permite encaixar o estilo de jogo “Hide and Seek”, perfeitamente no universo Ghostbusters.

Ghostbusters Spirits Unleashed
© IIIFonic

A escolha gráfica em “Ghostbusters: Spirits Unleashed” também é muito interessante, seguindo a mesma linha visual de um “Fornite”, sem caprichar nos detalhes, sombras e reflexos, o que lhe dá um look moderno e colorido, sem ser muito infantil e descascado de interesse visual. Nota-se que os mapas também foram trabalhados ao detalhe, mesmo se, por vezes, um pouco labirínticos.

A trilha sonora, quanto a ela, é uma mistura de músicas originais e melodias reconhecidas dos fãs dos filmes, mas peca por ser muito “apagada” e, por vezes até, genérica, durante as longas sessões de jogo em linha. Certamente melhor do que um loop de alguns segundos dos jogos lançados na década de 80.

Não deixa de ser importante notar, que para além do modo online, também existe um pequeno modo campanha que se vai desbloqueando, através de cinemáticas e pequenas interações, à medida que vamos jogando e adquirindo melhorias para o nosso personagem. É uma história curta, com certa de 25mn de cinemáticas, mas que tem o mérito de ter sido escrita por James e Elyse Willems da Funhaus.

EM CONCLUSÃO

“Ghostbusters: Spirits Unleashed” é, mesmo não tendo um conceito inovador, uma lufada de ar fresco no género de jogos online que tem vindo a ocupar as nossas bibliotecas vídeo lúdicas ao longo destes últimos anos. Não é, a meu ver, um must-have, mas não deixa de ser um jogo interessante e divertido, principalmente se tivermos um grupo de amigos “fixo” com quem jogar. A mecânica, não permitindo muitos disparates por parte dos colegas, também o torna num bom jogo para matar alguns minutos, para os que não sabem bem o que jogar e quiserem aproveitar o tempo ao máximo.

Trata-se, no entanto, uma carta de amor, à sua maneira, à franquia. Tenho, por essa razão, a certeza que não passará, nem deverá passar, desapercebido pelos fãs. Basta agora esperar por novas atualizações e conteúdos, que a IIIFonic prometeu, a fim de dar continuada ao bom trabalho que tem sido feito até agora, e esperar que comece a ganhar, ainda mais, em popularidade.


PRÓS

  • Fantasmas e caça-fantasmas, claro!
  • Possibilidade de controlar um fantasma
  • O jogo ganha toda uma nova dimensão com amigos
  • Um modo história divertido

CONTRAS

  • Poucos mapas
  • Muito repetitivo em certos momentos
  • Modo história (muito) curto

| Título | Ghostbuster: Spirits Unleashed
| Plataformas | Xbox Series X|S, Xbox One, PlayStation 5, PlayStation 4 e PC
| Género | Acção, FPS
| Estúdio | IllFonic
| Publicadora | IllFonic
| Preço | 39,99€
Site Oficial

Ai, a criança em mim!

Ai, a criança em mim!

7/10


Código de review foi providenciado pela ID@Xbox
Foi utilizada uma Xbox Series X e TV LG OLED 4K para esta review

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