Square Enix revela que mercado japonês não é suficiente

Parece que esta era do gaming insiste em dar sempre que falar. Não fossem o constante jogo de ténis entre a Sony e Microsoft acerca da Activision Blizzard e Call of Duty, ou as polémicas decisões que influenciam séries (“The Witcher”), entre subidas de preços de consolas e novas UI duvidosas. Agora é a vez da Square Enix causar ainda mais polémica. Depois de anos a saltar a plataforma Xbox nos seus lançamentos, de revelar a sua decepção nas vendas, e apenas meses após vender os seus estúdios ocidentais, a empresa Japonesa declara que a grande ilha na Ásia não chega para o sucesso que pretendem alcançar.

Esta declaração foi feita no seu mais recente documento, o Relatório Anual de 2022.

Alcançar um grande crescimento na indústria de jogos é difícil agora para empresas que competem principalmente no mercado Japonês, dado a demografia cinzenta. Como tal, é fundamental para o nosso negócio que produzamos títulos de sucesso que falem para o mercado global, que oferece uma escala maior tanto em termos de clientes e volumes de vendas.
(…) Por outras palavras, o mercado Japonês não é mais suficiente para alcançar um nível de ganhos que nos permita recuperar o nosso investimento de desenvolvimento e gerar lucro, e portanto precisamos de abordar os nossos esforços de desenvolvimento baseando na suposição que temos de ser bem sucedidos no mercado global.

Yosuke Matsuda, Presidente e Director Representativo da Square Enix, Anual Report 2022 (Página 9 de 49)

Estas são palavras que já deixaram espaço para discussão nas redes sociais, nomeadamente com fãs de Xbox a sugerir que a decisão de deixar a consola americana de parte em vários dos seus projectos, não teria ajudado a empresa a ganhar popularidade no ocidente.

“Final Fantasy VII Remake”, por exemplo, lançou em 2020 como exclusivo temporário de um ano na PS4 e PS5. No entanto, o jogo continua sem aparecer na Xbox Series X|S, Xbox One ou Nintendo Switch, levantando suspeitas de que a Sony paga à Square Enix para bloquear jogos da concorrência. As constantes revelações polémicas no caso da aquisição Activision Blizzard é o que tem dado força para a comunidade gamer questionar o impedimento da SE, especialmente depois da Microsoft revelar que a sua rival nas consolas investe em direitos de bloqueio.

Jogos como “Forspoken” e “Final Fantasy XVI” serão exclusivos PlayStation. “Tactics Ogre: Reborn” e “Valkyrie Elysium” também saltaram a Xbox, com o último a deixar de lado ainda a Nintendo Switch.

Final Fantasy VII
“Final Fantasy VII” © Square Enix

Por outro lado, alguns jogadores demonstram confusão ao ter conhecimento destas últimas declarações, especialmente dado que a empresa vendou os únicos estúdios e franchises ocidentais (Crystal Dynamics, Eidos-Montreal, Square Enix Montreal) à Embracer Group, em Maio deste ano.

Mas o tópico é também abordado no documento:

O objectivo da venda foi construir fundações de negócio mais fortes ao renovar o nosso portfólio de títulos e estúdios, permitindo-nos assim ser selectivos e focados em alavancar os nossos recursos, (…).

Yosuke Matsuda, Presidente e Director Representativo da Square Enix, Anual Report 2022 (Página 9 de 49)

Na mesma página, o Presidente defende que para vingar no mercado global será necessário concentrar os seus recursos limitados para desenvolver “títulos fortes e robustos”.

A blockchain fará parte destes planos. Matsuda defende que enquanto que a IA e cloud “implica incorporar novos avanços tecnológicos”, a blockchain tem uma conotação mais “filosófica”. Em Fevereiro, a empresa criou, inclusive, uma divisão direccionada à exploração de negócio neste ramo.

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