Se estão a ler este artigo na data indicada, parabéns! Estão a ter acesso à edição de lançamento do mesmo.
O início da história da Xbox One não tem a melhor fama. Dar a conhecer uma nova máquina para jogar videojogos com uma apresentação de 30 minutos sobre o Skype, canais de televisão interativos e comandos de voz e outros 30 minutos sobre jogos multiplataforma ainda em estado precário de desenvolvimento, não foi das melhores estratégias. Restrições como a obrigatoriedade duma conexão à Internet diária (entretanto cancelada) e a impossibilidade de jogar discos usados sem pagar uma taxa (entretanto também cancelada) fizeram o público rodar a cabeça em direção à Sony.
Eu cá, não! Como jogador de PlayStation desde a minha infância, inocentemente fiquei entusiasmado por experimentar a minha primeira Xbox.
(Gostos… certo?)
Eu queria algo diferente, portanto aquela primeira impressão até me caiu bem. Ver televisão enquanto jogo um atirador qualquer e falo pelo Skype com o Kinect a tirar-me as medidas… pareceu-me boa ideia na altura. As restrições já não existiam, mostraram bons jogos exclusivos na E3 que se seguiu e, a meu ver, tudo estava bem com o Universo.
Mas o resto do público precisava dum incentivo extra para sentirem que a Xbox One era de facto a escolha acertada para jogar e não só para bater palmas e gritar com o Kinect.
Assim, a Microsoft lançou edições especiais no lançamento da consola e dos jogos “Ryse”, “Forza Motorsport 5” e “Dead Rising 3”: a chamada Day One Edition (Edição do Dia Um).
Capas prateadas com efeito brilhante, DLC exclusivo e um aviso a preto que provava, de facto, que esta era a primeira edição do jogo. Além disto ainda tivemos direito à Day One Edition da própria consola, com a mesma informação impressa no comando e um Achievement ao conectarmo-nos à nossa conta.
Isto tem um propósito além de servir para nos gabarmos que conseguimos a primeira edição de algo… é uma pena que ainda não tenha encontrado esse propósito.
Mas mais uma vez, o que eu sinto não coincide com o público em geral, já que a moda pegou e hoje todas as grandes empresas publicam edições de lançamento dos seus jogos, sempre com regalias que vão desde o desnecessário ao irrelevante.
Peças de roupa, personagens, armas, cores… tudo o que faça a pessoa sentir-se bem por ter comprado o jogo no dia 1. Ou no dia 0, como o “Call Of Duty: Advanced Warfare”, seja lá o que isso for!… É como dizer que somos tão fãs duma banda que já gostávamos deles ainda antes de se terem juntado!
“Eu sou mais fã que tu! Olha para isto: Edição do Dia 0! Já o jogo antes de sequer existirem dias!”
O mais engraçado, é que o objetivo de sobrevalorizar o ato de comprar algo no dia de lançamento, não foi cumprido por se banalizar o que supostamente deveria ser precioso, algo para os “verdadeiros” fãs.
Lembrem-se: quando toda a gente faz a mesma coisa especial, ela deixa de o ser.
E quando vamos a uma loja em segunda mão e encontramos edições de lançamento ao mesmo preço que as do “dia seguinte”, percebemos que afinal não vale muito a pena.
Mas por vezes estas edições incluem extras. Objetos físicos de coleção.
Não se esqueçam que estamos a falar do grande dia! Aquele em que entregam o TPC para nós, consumidores, avaliarmos. Qualquer bónus que seja incluído para a grande estreia, será uma bugiganga para limpar armazéns e encher os quartos dos jogadores. Coisas que olhamos, sorrimos e voltamos a arrumar.
É como varrer para baixo da carpete, só que nós somos a carpete.
Agora vem a grande questão: Será que eu, hipocritamente, tenho alguma edição de Dia 1?
Bem, os dois jogos que veem na imagem são as únicas que tenho. E nenhum deles foi comprado no dia de lançamento.
Mas quem vier cá não sabe, por isso, posso gabar-me: “Eu tenho o Forza Horizon 2 e o Sunset Overdrive Day One Editions. E tu, o que fizeste hoje?”