Um belo e virgem planeta alienígena, cheio de vegetação nativa, animais silvestres e paisagens de tirar o fôlego, com cachoeiras e rios de águas cristalinas, florestas, campos e desfiladeiros! O que fazer num lugar como esse em “Satisfactory”?

Extrair todos os seus recursos naturais e construir a maior rede de fábricas possível, é claro!

O que é “Satisfactory”?

É um jogo de PC em 1ª pessoa de construção e gestão de fábricas atualmente em Early Access. Nele, você é um funcionário da FICSIT Inc., um Pionner enviado para explorar um planeta cheio de vida alienígena, onde deverá extrair recursos e enviar as peças e componentes que sua contratante demanda através de enormes conjuntos de fábricas que você irá construir. 

Então vamos ao que interessa!

Ao iniciar um dos 4 cenários possíveis, primeiramente você deve construir um HUB, uma base central fulcral para seu progresso e que também fornece acesso a uma bancada de trabalho. Isso possibilitará a criação de quaisquer materiais enquanto ainda não estiver automatizada a produção com fábricas. No início serão poucas, entretanto as opções irão se expandir automaticamente quando atingir Milestones, que são os objetivos principais fornecidos no HUB. 

Todas as construções podem ser rotacionadas e encaixadas da maneira que achar mais conveniente de forma simples através de um holograma que identificará a posição do objeto no cenário. Os comandos aparecerão no ecrã e poderá utilizar o rato para selecionar o local exato da construção. A interface é simples, mas objetiva, e temos apenas à vista aquilo que utilizaremos logo a seguir.  O mapa só é acessível depois de pesquisado, sendo necessário navegar através de marcadores que poderá colocar pelo cenário e utilizando a bússola no topo superior do ecrã. Se localizar no início é um pouco difícil, mas é parte do aprendizado.

As fábricas são conectadas umas às outras através de correias que levam seus materiais em uma única direção, podendo várias produções serem ligadas a uma única correia, como por exemplo, juntando a produção de diversos extratores de cobre, ou separando de uma correia para outras diferentes para levar o excesso de um material para outra fábrica. Otimize sua produção sempre que possível, seja encurtando caminhos ou aumentando o nível de suas correias para que fiquem mais rápidas.

As Milestones são os pontos onde você irá abrir mais opções de construção, automatização e melhorias, e em cada uma delas haverá vários objetivos de entregas que devem ser cumpridos para que você possa progredir. É uma maneira de equilibrar o game, para que no início não se perca nas incontáveis possibilidades e que aprenda com o passar do tempo como automatizar de maneira correta sua produção. Seguir as Milestones apenas NÃO abre todas as opções, pois muitas somente aparecem quando você faz pesquisas específicas no seu HUB. Além disso, há encomendas de grandes quantias de materiais que são feitas no seu elevador espacial e certas Milestones só são liberadas quando alguns desses pedidos são atendidos. Essas encomendas são uma maneira o induzir a automatizar grandes linhas produtivas, o que facilitará muito seu progresso quando chegar às Milestones mais avançadas.

Você será jogado sozinho neste planeta, mas não se engane: ele está cheio de vida, com imensos aliens tanto em terra quanto no ar. Boa parte deles será não-hostil, entretanto há outros que são extremamente violentos e territoriais, podendo atacar sozinhos ou até mesmo em bandos. Tenha em mente que caso você morra, todo o seu inventário e equipamento que estiver carregando cairá, marcando seu túmulo e ficando lá até que consiga voltar para buscá-los. Esteja avisado: o modo Aracnofobia não existe à toa e é assustador tanto ativado como desativado.

Há também a possibilidade de encontrar algumas formas de vida bem amigáveis, como os Lizard Doggos (ora, que nome sugestivo). Estes pequenos e fofos lagartos podem ser facilmente domesticados deixando uma paleberry no chão e depois irão trazer presentes de vez em quando para você. É possível até mesmo receber os muito desejados Power Slugs, animais que são na verdade poderosos itens que aumentam a performance de suas fábricas depois de refinados. 

Em “Satisfactory”, não há barreiras físicas que o impeçam de explorar o mapa. Estará livre desde o início para se perder pelo cenário, caminhar por florestas e nadar até o infinito, no entanto irá perceber que não é tão simples assim. Para ir realmente longe, você precisará construir um veículo, mas também será preciso se preparar com melhores armas de defesa pessoal, pois ao sair de seu berço a vida alienígena se torna mais hostil e perigosa. Esse processo ocorre naturalmente cumprindo as Milestones dadas ao jogador. Ao mesmo tempo, os objetivos o induzem a ir cada vez mais longe e aos poucos terá melhores equipamentos para os próximos desafios. Um trabalho exemplar de design em que não há limitações artificiais claras que impeçam a imersão do jogador, mas que é eficiente e traz mais naturalidade à exploração.

Automação é a chave do jogo, pois uma produção independente, automatizada e auto suficiente é instigada desde seus primeiros passos no tutorial. É preciso, no entanto, garantir que uma fonte de energia seja forte o suficiente a cada construção, sob o risco de travar toda a sua produção ligada naquele grid. Para isso, “Satisfactory” oferece diferentes opções de acordo com o nível do equipamento que utiliza, desde folhas e madeira das árvores que você derruba, até combustível nuclear. O som do fusível desligando lhe será enfurecedor algumas vezes, mas irá aprender a lidar com isso e as Usinas Nucleares irão ficar muito atraentes sob certo ângulo quando esse momento chegar… é claro que para chegar lá não será simples.
Após certo ponto, as fábricas ficam muito mais complexas, necessitando também de resfriamento e diversos tipos diferentes de combustíveis para funcionar. Sendo assim, será necessário instalar também tubulações por diversos locais, calcular bem a altura, pois água não é eletricidade e sofre com a gravidade, além de também necessitar verificar a potência, uma vez que diferentes equipamentos precisam de diferentes metros cúbicos de água por segundo para serem resfriados. 

Organização e verticalidade vêm juntas, pois são igualmente importantes. Pode parecer um detalhe secundário, mas verá que organizar sua fábrica em níveis e talvez até por cores vai tornar tudo muito mais simples quando acumular muitas dezenas de horas de jogo. Não se preocupe, seu primeiro jogo não será tão organizado quanto seu segundo, nem tão vertical quanto seu terceiro, mas certamente as horas de satisfação que terá serão inúmeras. 

Há muitas estratégias que se pode utilizar para melhorar sua produção, e isto vai depender de como você quer gerenciar e o quê deseja produzir em suas fábricas. Você pode, por exemplo, ter um massivo conjunto de fábricas na região central, com vários níveis de construção e escadas, com várias centrais de extração distantes que entregam através de trens e drones o material para ser manufaturado em sua mega fábrica, ou pode ter várias centrais produtivas espalhadas que apenas entregam sua produção através de vários carros em outros pontos do mapa. A escolha é sempre sua, pois o limite é apenas o quanto de energia sua rede produz.

Em relação às questões técnicas

A Coffee Stain já deixou claro que infelizmente não será tão cedo que irão atualizar para o UE5, já que utilizam uma versão do UE4 que está profundamente modificada para comportar as features de “Satisfactory”, o que inviabiliza uma simples “atualização”. 

Apesar disso, o jogo é extremamente satisfatório (oops) aos olhos, com excelentes animações em todas as construções e veículos, utiliza texturas de alta qualidade, tem belíssimos efeitos de luz, iluminação global, passagem de dia e noite e reflexos em vários materiais e superfícies, entre vários outros.

“Satisfactory” conta ainda com um completíssimo trabalho no campo sonoro, com cada máquina se revolvendo com diferentes sons enquanto funciona, sendo possível escutar seus pistões, manivelas, válvulas e engrenagens a trabalhar, além dos variados sons ambientes e trilha sonora que complementam o ambiente de forma agradável e satisfatória (ok, parei por aqui).

Há um modo multiplayer que não está muito avançado, não sendo o foco no momento, mas que diverte e complementa a experiência. É possível convidar amigos para lhe ajudar em grandes projetos, além de contar com servidores dedicados. O máximo de jogadores oficialmente por sessão é 4, entretanto há servidores dedicados com números mais elevados. 

O que o futuro nos espera?

O roadmap deixa claro que há muito trabalho pela frente.

“Satisfactory” está atualmente no Update 5, já tendo recebido suas mais valiosas e maiores adições, como tubos para transporte de fluídos, drones, comboio, outros veículos e jetpack, mas terá também outros 3 grandes updates programados para 2022 e, finalmente, a versão 1.0 (planeada para Dezembro de 2022), que trará o modo história que já está totalmente escrito e está sendo prototipado. 

Há ainda muitas possíveis mudanças que serão feitas de acordo com o feedback da comunidade, que é bastante engajada e participativa nas redes sociais do título. 

Conclusão: “Satisfactory” é um excelente jogo para relaxar, perfeito para quem gosta de títulos de estratégia, construção, simulação e automação. Apresenta um robusto modo sandbox com imensas possibilidades em um mapa diverso, cheio de pântanos, desertos, florestas, bosques e savanas, cortados por diversos rios e lagos. Sua qualidade gráfica é alta, podendo apresentar em tela centenas a milhares de objetos em movimentos sem grande queda de performance e sua trilha sonora é imersiva e tranquilizadora. Estando ainda em Early Access, o jogo pode ser jogado sem limitações e tem grande profundidade, mas promete ainda uma vasta adição de conteúdo e grandes melhorias, incluindo aí um muito esperado Story Mode.