Em “No Place for Bravery”, acompanhamos a jornada de um experiente guerreiro chamado Thorn. Após anos em busca de sua filha que foi sequestrada, ele desiste, se aposenta e vai cuidar de uma taverna em uma cidade chamada Ossuário. Sua paz então é quebrada quando vê por breves momentos o feiticeiro que a sequestrou, reiniciando assim uma obcecada perseguição… ou seria vingança?
Há diversas raças que convivem, cada uma com seus maneirismos e formas de falar, com objetivos distintos claros e por vezes misteriosos. É difícil detalhar sem emitir alguns spoilers, mas é muito interessante ver o desenrolar da história e como as diferentes motivações de facções, raças e diversos personagens memoráveis se entrelaçam na jornada do protagonista.
Esta aventura é recheada de histórias, mitos e detalhes de um universo muito bem criado. É palpável o grande esforço feito para que o mundo fosse credível mesmo tendo um pano de fundo tão fantástico. Boa parte desta mitologia pode ser lida em pequenos textos encontrados pelo cenário e acessíveis em pelo menu.
Thorn é um homem complexo que trava uma luta interna entre sua obsessão em procurar sua filha, Leaf, e ter sua família completa, ou desistir e viver em paz com o que resta dela: sua esposa Rosa e seu filho adotivo Phid. Um ponto interessante é que durante o jogo você irá se deparar com esta escolha várias vezes, com resultados às vezes reconfortantes e algumas vezes tristes e depressivos.
Outro ponto fortíssimo é sua caprichada e inspirada arte. “No Place for Bravery” é um jogo em Pixel Art, com cenários detalhados, com muito movimento e belas cores. Não serão poucas as vezes em que irá se deparar com belas paisagens permeadas por vales, montanhas ou mesmo partes colossais de gigantes do passado.
A diversidade de cenários também é notável e não foram poupados esforços. Desde pântanos e florestas sombrias, até vilas abandonadas e templos antigos, serão muitos os ambientes os quais poderá visitar. É importante ter em mente que em quase todos os mapas há vários segredos para se descobrir e itens opcionais escondidos. Quanto mais avançar na história, mais importante será a exploração.
A narrativa está impregnada em todos mapas, pelas paredes, no chão e em detalhes das casas, não somente nos muitos textos e contos que irá encontrar durante o game. Através disso, é possível ter clara noção da decadência da sociedade devido à iminente destruição do mundo.
Outro setor em que “No Place for Bravery” se diferencia é na sua excelente trilha sonora. É surpreendente a qualidade das músicas com inspirações nórdicas e fantásticas que nos acompanham durante o gameplay, complementando perfeitamente a ambientação do jogo. Não será difícil encontrar momentos em que você irá parar de jogar apenas para escutar algumas das muitas ótimas trilhas presentes no game.
Com relação aos efeitos sonoros, são talvez o ponto mais baixo do game. Não que sejam ruins, mas são apenas bons, diferentemente de todo o resto.
E em termos de jogo?
Abertamente e publicamente inspirado em “Sekiro”, a esquiva e defesa nos momentos certos será muito mais importante do que deferir poderosos combos e ataques. Na dificuldade padrão, alguns dos encontros são razoavelmente difíceis e alguns chefes são implacáveis, entretanto não senti que o jogo te trata de forma injusta, como em alguns outros soulslike do mercado.
O combate é fluído e a vitória é recompensadora, mas tenha em mente que os inimigos não irão esperar você se recuperar. A cada golpe defendido, esquiva ou ataque, um pouco de sua stamina é gasta, e pode chegar o momento em que se esgote e fique indefeso. A estratégia e reflexos rápidos serão valiosos para que não se torne um saco de pancadas em movimento.
Os comandos são responsivos e os ataques, mesmo que básicos, são efetivos na maior parte dos inimigos comuns. Quando necessário, pode-se usar um conjunto de itens que pode previamente preparar nos atalhos do comando. Em geral, seu life não será um problema.
É possível ainda trocar de armas durante o combate, podendo utilizar uma ágil espada, um poderoso e pesado martelo, ou mesmo uma besta. Cada arma tem seus usos, vantagens e desvantagens, e com o tempo aprenderá a utilizá-las bem de acordo com o tipo de encontro. Sua sobrevivência dependerá disso.
Ainda terá a sua disposição uma gama de ataques especiais que poderá comprar com o tempo em vendedores especiais espalhados pelo cenário. Para tal, precisará de moedas e de alguns itens que ficam escondidos. Como já disse: a chave é a exploração.
Desnecessário dizer, mas “No Place for Bravery” é uma história adulta e violenta. Thorn é um homem traumatizado, com um passado cheio de tragédias e erros. Sua filha, Leaf, foi sequestrada durante um ataque que ele não conseguiu impedir. Ele não conhece muitas maneiras de resolver problemas que não envolvam sangue e tripas, e constantemente você irá rasgar seus inimigos em pedaços. Thorn deseja a paz, mas só conhece a violência.
Ele volta e meia se vê digladiando com seus objetivos: Seria essa busca por Leaf, apenas na verdade uma busca por vingança? Teria ele abandonado tudo apenas por ódio, apenas para estraçalhar todos pelo seu caminho em busca de sangue? Quantos mais precisam morrer para que sua obsessão seja saciada? Vale mesmo a pena?
Enfim, apenas jogando essa excelente obra do estúdio Glitch Factory é que poderá descobrir.
“No Place for Bravery” chegou já há algum tempo. Esta review é baseada na versão mais atual do jogo, com alguns bons updates e melhorias pedidos pela comunidade.
PRÓS
- História madura
- Universo detalhado e fantástico
- Gameplay desafiador, mas não injusto
- Músicas memoráveis
- Personagens credíveis e bem desenvolvidos
CONTRAS
- Efeitos sonoros muito simples
| Título | No Place For Bravery
| Plataformas | Nintendo Switch e PC
| Género | Aventura, Hack & Slash, RPG, Soulslike
| Estúdio | Glitch Factory
| Publicadora | Ysbryd Games
| Preço | 19,99€
Site Oficial
COMO ASSIM???