Bracara Augusta: Shadow of the Past – Preview

Para os que seguem o site, devem de ter notado que já fizemos um artigo sobre este jogo, e espero sinceramente que não seja a última vez que ouvimos falar do mesmo. Após ter descoberto da existência de um jogo indie Português, sobre a história de Portugal e com um design que me faz lembrar os primeiros jogos Zelda, é lógico que tinha de experimentar e falar sobre isso.

Hoje, vamos então descobrir “Bracara Augusta: Shadow of the Past”, na sua versão disponível na itch.io, e visitar as ruínas romanas da antiga cidade de Braga.

Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios

O jogo é relativamente pequeno em tamanho, aproximadamente 50Mb, mas com conteúdo suficiente para nos fazer perder uma boa hora a passear por esta aventura Made in Portugal.

Ao iniciar, somos apresentados com um menu de design simples mas eficaz, todo em inglês, que nos dá um preview da arte e da atmosfera que o título terá. As definições são bastante rudimentares, mas os valores por defeito já deverão satisfazer a grande maioria das pessoas. Noto, com tristeza, a falta da língua Portuguesa e a falta de uma verdadeira configuração para comandos.

Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios | Autor: Luis Da Costa

Antes de começar temos de perceber o contexto da história, já que o mesmo não nos é apresentado no jogo em si. E a história é a seguinte: após trabalhar o dia inteiro no café, “Frigideiras do Cantinho”, é tempo de encerrar. É então que vês um homem estranho, vagueando por cima das ruinas, e pedes-lhe para se ir embora. Aí ele tira um estranho artefato que cria um tremor de terra, o vidro por cima da ruína parte-se, e ambos caem nos subsolos da mesma. Quando acordas, o café desapareceu e estás preso nas ruínas. Agora tens de encontrar forma de escapar.

O mood, está definido, a história está contada, agora é tempo de começar a nossa aventura, precisamente no meio dos estilhaços de vidro, de pó, no subsolo de ruínas com mais história do que a que nos dão a entender.

Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios – Autor: Luis Da Costa

E é precisamente nesta fase que as minhas “críticas” começam. “Bracara Augusta” ateima em querer explicar tudo, repetidamente. É-nos explicado como mover, como apanhar um item (que aliás não nos é explicado o que é), mais tarde para interagir com outro bloco, e novamente com outro bloco, e mais a frente com velas. E tudo isto, sabendo que, quando nos aproximarmos do dito objeto aparece a indicação visual do botão a carregar (o “E” do teclado). É pena, pois esta deveria de ser a fase de exploração, onde os desafios simples com poucas instruções servem para demonstrar o gameplay e as possíveis interações.

Ainda em relação aos blocos o facto de eles moverem sozinhos, que têm de respeitar uma certa distância para não complicar em demasia certos puzzles mais à frente, complica em muito a interação já que temos a sensação de perder o controlo sobre o nosso personagem durante uns curtos instantes.

Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios – Autor: Luis Da Costa
Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios – Autor: Luis Da Costa

Assim que finalmente ultrapassamos esta etapa, as dicas deixam de ser tão óbvias e começamos finalmente a interagir com alguns puzzles e a falar com personagens novos. Nesta primeira interação, encontramos um espírito, chamada Adriana, à procura do seu corpo, a qual acaba por nos acompanhar no resto da aventura na forma de uma “fada azul” (tirada da minha imaginação, já que se trata de uma bola flutuante). Ela também nos explica que o homem misterioso, que nos colocou nesta situação, tentou roubar a Situla, o artefato do templo de Isis, e que temos de o impedir de a usar. Por fim, ficamos a saber que tudo isto ocorreu na Roma Antiga, quando a cidade de Braga se chamava “Bracara Augusta”, e que, sem saber como, ela viajou pelo tempo até chegar a estas ruínas e nos encontrar.

Saímos finalmente da primeira secção das ruínas, onde encontramos um puzzle com peças em falta, o qual teremos de completar. Para tal vemos 4 símbolos que representam, cada uma, uma série de desafios em salas diferentes que teremos de desbloquear para, finalmente, termos acesso à última sala.

Os desafios são diversificados mas, de novo, demasiado simples ou óbvios. Perdemos mais tempo a procurar por onde ir a seguir, já que após completarmos um desafio há uma vibração no ecrã que nos indica a abertura de uma nova porta, do que propriamente a sermos desafiados pela tarefa a completar. Sem inimigos para combater, puzzles complicados a fazer e labirintos extensos, a aventura torna-se numa série de “anda para a frente e carrega até algo funcionar”, o que é pena.

Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios | Autor: Luis Da Costa

Entre os desafios que iremos encontrar, contamos com:

  • Ligar lâmpadas numa ordem específica (para replicar um outro nível ou seguindo instruções com estátuas)
  • Andar num labirinto escuro
  • Puzzle com peças a mover e a colocar num sitio específico
  • Muita orientação a fim de descobrir qual a nova porta por onde se dirigir

Diria que, o maior desafio que tive, foi o de encontrar todos os fragmentos (uma bolas azuis misteriosas que se encontram um pouco por todo o mapa), visto que tive de regressar ao início do jogo e procurar um pouco por todo o lado até as encontrar a todas.

Globalmente, e não querendo ser mal interpretado, penso que esta é a imagem, tirada do seu contexto, que melhor traduz a minha sensação com o jogo:

Bracara Augusta: Shadow of the Past
© Marema Studios | Autor: Luis Da Costa

E explico o porquê. “Bracara Augusta” tem um charme que não vejo há muito tempo, as animações são fluídas e interessantes, a música, por mais que repetida, fica no ouvido e dá um charme e uma atmosfera ao que nos rodeia. Por debaixo de várias camadas de desafios sem interesse, encontra-se uma história e um tema, muito interessante a explorar. A meu ver, este jogo tem as bases para ser um êxito, para fazer o mundo dos videojogos falar dele, mas não no estado atual. Precisaria primeiro de resolver todas as “lacunas” próprias a este tipo de jogo, mas também, e principalmente, trabalharem arduamente nos desafios e na coesão do universo onde está inserido.

© Marema Studios | Autor: Luis Da Costa

A título pessoal, desejo o maior sucesso à equipa por detrás deste projecto, a Marema Studios, e espero um dia poder jogar a uma versão mais extensa e bem trabalhada, com suporte total para comando, para estar em condições de fazer uma review completa, com nota.

Até lá, só vos posso recomendar que façam a vossa própria ideia sobre “Bracara Augusta: Shadow of the Past”, descarregando e jogando diretamente através do itch.io, e que deixem as vossas sugestões para ajudar esta jovem equipa ainda nos primórdios de um futuro que, espero eu, seja tão brilhante como os tesouros que se escondem nas profundezas da ruína que visitámos.

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